quarta-feira, 24 de março de 2010

Ladas na artéria principal de São Petersburgo

Nesta foto, é possível observar, em parte, dois Ladas VAZ-2101 em São Petersburgo, antiga Leninegrado, na Rússia. À esquerda, um vermelho. À direita, mais ao fundo, um branco sujo. Ambos se encontravam sem tampões e em estado normal russo de conservação, que, mais uma vez, quer dizer assim assim. Se a memória não me falha, foram registados de forma fugaz numa rua chamada Nevsky prospect (Невский проспект), há cerca de 10 anos atrás. Dois grandes clássicos soviéticos, primos comunistas do Fiat 124.

Um texto da época referia o seguinte:

«Estão os visitantes perto da catedral da ressurreição, imponente, impressionante, grande, rococó, colorida, azul, dourada e sobretudo russa, muito russa. Um dos visitantes tenta comprar bilhetes, pedindo-os em russo. A senhora percebe o pedido mas faz rapidamente uma pergunta ininteligível. A conclusão é que os turistas pagam mais e têm que ir para outra bicha. Pagam apenas 250 rublos, em vez dos 10 rublos que pagaria um cidadão russo normal. A visita é adiada. Há quem precise de levantar dinheiro. Junto a um canal perpendicular ao anterior, há mais uma série de barraquinhas que vendem artefactos russos. Todos resistem ao apelo capitalista. Por mais alguns instantes. Dirigem-se à artéria principal, Nevsky prospect, procurando O multibanco de São Petersburgo. Foi o único que viram em toda a visita. Procuraram-no num sentido da rua e chegaram à conclusão que se haviam enganado. Voltaram para trás, depois de já terem andado bastante, e acabaram por encontrá-lo. Entraram num centro comercial embutido num edifício clássico e compraram mais algumas lembranças. Colheres de madeira grandes, taças de madeira, ovos e outras curiosidades interessantes. Entretanto, os estômagos começaram a dar horas. Entraram em vários restaurantes, uns de comida rápida, outros não tanto, que foram sendo sucessivamente rejeitados por esta ou aquela razão, ou por não terem ementa em língua perceptível. Um dos viajantes exigiu saber aquilo que ia comer. Portanto, adequadamente, entraram num restaurante japonês requintado. Os casacos ficaram no guarda-roupa da entrada, recolhidos por uma elegante senhora russa. Desceram mais umas escadas e foram acolhidos por uma simpática empregada japonesa com um cordial zdrastvuitiê, o primeiro e único escutado. Tempura de camarão para um e sushi de salmão para os outros três: os pratos do dia. Os mais baratinhos num mar de pratos caros. Apenas um dos comensais comeu sobremesa. O mesmo que se queixou de excesso de qualidade do serviço. Comeu um gelado, com uma maçã artisticamente cortada em triângulos. Caríssimo. Os viajantes saem pouco depois do restaurante rumo à catedral da ressurreição.»


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